A reabilitação da barragem do Calueque, que começou a ser construída no final do período colonial português, deverá ficar concluída este ano, informou o consórcio liderado pela Mota-Engil.
A lém daquela construtora, responsável pelos trabalhos de construção civil e instalações electromecânicas, a obra de reabilitação e alargamento da barragem, no rio Cunene, envolve ainda a empresa Lyon.
Com vista à construção de uma estação elevatória e respectivas condutas para o abastecimento de água e desenvolvimento do perímetro irrigado do Calueque, este contrato foi alvo de uma adenda, aprovada por despacho do Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, com data de 19 de Janeiro.
Prevê mais 5,5 milhões de dólares (cinco milhões de euros), de acordo com o despacho. Em 2012, foi anunciado um valor global para esta empreitada de 164 milhões de dólares (151 milhões de euros).
De acordo com informação recente do consórcio, a obra deverá estar concluída nas próximas semanas.
O Governo angolano sublinha que aquela barragem no rio Cunene, na província com o mesmo nome, tem “potencial para a geração de hidroelectricidade e fornecimento de água no baixo Cunene e na sua área de influência”.
A barragem, construída em 1974 e depois destruída parcialmente durante a guerra civil que se seguiu à independência de Angola, vai passar a dispor de duas centrais hídricas, um novo canal e pivôs de irrigação, além de um reservatório de equilíbrio com capacidade de um milhão de litros de água, para o abastecimento às populações.
Ao abrigo da linha de financiamento da China a Angola, empresas chinesas vão construir, por 36 milhões de dólares (33,1 milhões de euros), o perímetro irrigado de Calueque, numa área de 1.400 hectares, obra que criará 4.200 empregos e permitirá a produção de hortícolas, fruta e milho.
Recorde-se que no dia 20 de Novembro de 2014 o ministro da Energia e Águas, João Baptista Borges, anunciou em Luanda a criação de um Plano Nacional de Segurança de Barragens para definir um programa de reabilitação gradual dessas infra-estruturas.
O governante angolano falava aos jornalistas à margem de um encontro com especialistas nacionais e estrangeiros, nomeadamente portugueses, para a recolha de contributos para a elaboração do referido plano.
Algumas barragens em Angola, admitiu o ministro, requerem atenção particular face à sua importância para a economia angolana.
João Baptista Borges referiu que o Plano Nacional de Segurança de Barragens vai favorecer a criação do Comité Angolano de Segurança de Barragens, em consonância com as normas e procedimentos do Comité Internacional das Grandes Barragens.
No discurso de abertura deste encontro, o ministro disse que o comportamento estrutural da maior parte das barragens angolanas é desconhecido, devido à falta de um acompanhamento contínuo do seu estado físico.
Acrescentou que o Plano Nacional de Emergência para a Água, que ficaria concluído no segundo trimestre de 2015, identificou já alguns empreendimentos hidroeléctricos e hidroagrícolas para construção.
“As nossas barragens requerem, algumas delas, atenção particular. Temos barragens em reabilitação como é o caso da Matala, que tinha uma condição estrutural má e neste momento está reabilitada”, exemplificou o ministro.
Entretanto, apontou que ainda existem barragens de produção de energia eléctrica a necessitar de intervenção, como o caso da estrutura do Biópio, além de outras que necessitam de “urgente reabilitação”.
João Baptista Borges sublinhou a importância de o Instituto de Recursos Hídricos consolidar a sua plataforma informática para o registo das barragens existentes no país.
Angola possui oito barragens de produção de energia eléctrica, casos de Capanda, Cambambe, Biopio, Gove, Matala, Luachimo, Chicapa, e Lomaúm. Ainda doze para fins de irrigação agrícola, nomeadamente Calueque, Cambumbe, Gandjelas, Quipungo, Chicungo, Chicomba, Calima, Dungo, Luinga, Quiminha, Neves e Sendi.
Fonte: Lusa